O eco do silêncio



Há dias em que o mundo parece feito de vidro frágil, translúcido, cortante. Caminho por entre reflexos de mim mesmo, tentando entender se sou o que vejo ou o que evito olhar.

O tempo, esse escultor invisível, molda meus pensamentos com mãos de vento. Leva embora certezas, traz dúvidas embrulhadas em saudade. E eu, que já fui tempestade, hoje sou brisa tentando não desaparecer.

A memória é um labirinto onde os fantasmas dançam.

Alguns sussurram promessas que nunca cumpri. Outros gritam nomes que esqueci. Mas todos me conhecem melhor do que eu mesmo.

Às vezes penso que o amor é uma linguagem que desaprendemos. Falamos em códigos, em emojis, em silêncios. E, no fundo, só queríamos dizer: "Fica. Mesmo quando eu não sou fácil de ficar."

O mundo gira, os algoritmos decidem, os corações hesitam. Mas há algo que resiste: o desejo de ser compreendido sem tradução. De existir sem precisar justificar.

Hoje, escrevo para lembrar que continuo aqui. Que mesmo entre ruínas, há beleza. Que mesmo entre erros, há poesia. Que mesmo entre ausências, exista minha presença.